quarta-feira, 6 de junho de 2012

Nada:Espetáculo é inspirado na obra do poeta Manoel de Barros.



Cenas de Nada / Créditos: DivulgaçãoRepleta de lirismo e de imagens que buscam o lado mais belo das coisas simples, a poesia de Manoel de Barros sai das páginas de seus livros e ganha o palco do Oi Futuro, no Rio, no espetáculo “Nada”, dirigido por Adriano e Fernando Guimarães ("Resta Pouco a Dizer”) em  parceria  com  Miwa Yanagizawa (da Cia Teatro Autônomo). Com dramaturgia costurada a seis mãos por Emanuel Aragão e os irmãos Guimarães, a montagem nasceu em 2009, quando elegeram a obra de Manoel como tema do projeto de diplomação em Artes Cênicas que dirigem na Faculdade Dulcina de Moraes, em Brasília.

“Gostamos de trabalhar com autores que não escrevem texto para teatro. Trabalhamos durante um semestre as obras do Manoel de Barros e montamos um recital de poesias e esse, que é um espetáculo dramático, com escritos dele inseridos no texto, de forma que a poesia fique diluída no meio da peça”, explica Adriano Guimarães.

Nascidos em Goiás, os irmãos encontraram na importância que o poeta atribui à ancestralidade o fio condutor para a construção do espetáculo, que se passa no seio de uma família, no aniversário de 80 anos do avô. Para  acomodar  anfitriões  e  convidados,  30  assentos  em madeira,  dos mais variados estilos e dimensões, estão distribuídos pelo espaço cênico, tornando-se difícil distinguir elenco e plateia.

“Quisemos colocar o espectador dentro da peça, da mesma forma que Manoel de Barros faz com sua obra, na qual insere o leitor. O público transforma-se em convidado dessa festa de aniversário. Apesar de as pessoas estarem inseridas na peça, não há interação, elas não são obrigadas a participar”, destaca o diretor.
Para transformar o local em uma grande sala de visitas, o palco e a plateia foram retirados. Decorando o espaço, mais de quatro mil peças de vidro cuidadosamente iluminadas, de todos os tamanhos e feitios, ocupam a extensão do plano inclinado onde se costuma acomodar a plateia. Esvaziadas de sua utilidade original, as peças não podem ser chamadas de cenário, no entanto,  já que não  servem à cena: “Manoel usa em suas poesias muitas ‘inutilezas’, ou seja, coisas que já tiveram utilidade e hoje são abandonadas, ninguém as vê. Quisemos colocar um olhar sob esses objetos, que ajudam na atmosfera que criamos”. 

                                       

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