Sinházinha (Maitê Proença) e Osmundo (Erik Marmo) em ''Gabriela''- Foto:Divulgação
Quando flagrou Sinhazinha (Maitê Proença) na cama com o dentista
Osmundo (Erik Marmo), Jesuíno (José Wilker) lavou sua honra com sangue e
matou os dois. Já Carminha (Adriana Esteves) partiu para cima da rival,
Nina (Débora Falabella), e saiu desembestada de carro, chegando a
sofrer um acidente e tomar um porre antológico. Tudo isso depois de
pegá-la nos braços de Max (Marcello Novaes). E Lygia (Malu Galli) não
pensou duas vezes, botando o galinha do Alejandro (Pablo Belini) para
fora de casa, ao vê-lo no maior amasso com Brunessa (Chandelly Braz).
Essas reações intempestivas de personagens de Gabriela, Avenida Brasil e Cheias de Charme,
respectivamente, são frutos da pior de todas as covardias existentes
num relacionamento (não necessariamente sexual): a traição.
É preciso ter sangue de barata ou uma frieza sobrenatural para passar
por uma experiência como essa e não e surtar. Mesmo que você tenha uma
relação aberta, nunca é fácil ser surpreendido com a imagem do seu ente
amado se esfregando com outra pessoa. Praticamente todas as novelas
investem na traição. É um dos recursos dramáticos favoritos dos autores.
Algumas vezes são bem utilizados, como nos casos acima, e, em outras,
viram piadas sem a menor graça, como no núcleo de Cadinho (Alexandre
Borges), na trama das 9 da Globo. Na mesma novela, nas próximas semanas,
Adauto (Juliano Cazarré) e Tessália (Débora Nascimento) irão confirmar
que são traídos por Muricy (Eliane Giardini) e Leleco (Marcos Caruso). E
mesmo com a pitada cômica da situação, será triste acompanhar a
desilusão dos dois jovens e apaixonados.
Carminha (Adriana Esteves) - Foto: Reprodução
Foi de cortar o coração acompanhar o desespero de Carminha ao
constatar, que seu grande amor e companheiro de vida a havia trocado por
outra. E pior ainda, pela Rrrrita! Foi a melhor atuação de. Adriana
Esteves na novela e isso é muita coisa, gente, já que todo dia ela dá um
novo show de interpretação. Até quem detesta a vilã se compadeceu de
sua dor.
A traição é covarde porque é feita pelas costas e não dá à “vítima” o
direito à verdade e de fazer o mesmo, somente após a revelação do ato
em si. Muitas outras ainda virão na telinha. Até mesmo de quem de mau
caráter não tem nada. A doce Gabriela (Juliana Paes), na novela
homônima, ao se sentir sufocada, sucumbirá ao jogo de sedução de Tonico
(Marcelo Serrado) e colocará Nacib (Humberto Martins) no time dos cornos
de Ilhéus, ao lado de Jesuíno, Coronel Coriolano Damasceno (Ary
Fontoura) e todas as “senhoras de bem” do lugar.
E quando Tufão (Murilo
Benício) descobriu o papel de palhaço que viveu no circo de Carminha,
sendo traído dentro de seu próprio lar, finalmente, irá fazer valer o
apelido que o tornou famoso (assim espera-se) e ele se transformará num
furacão de mágoa e rancor. Da mesma forma que Monalisa (Heloísa Perrisé)
fez ao pegar Silas (Ailton Graça) “furunfando” com sua melhor amiga,
Olenka (Fabiula Nascimento)! Se bem que, antes, Monalisa já havia botado
um par de chifres na cabeça de Silas, justamente com… Tufão! Ô, le-lê!
Esse trenzinho da sacanagem não tem fim não, gente!?!
Algumas das mais marcantes cenas das novelas envolvem esse tema. Como
esquecer a surra que Diego (Marcos Frita) deu em Isabella (Cláudia
Ohana), em A Próxima Vítima (1995), no dia do
casamento dos dois, e que culminou com o rosto da moca desfigurado. Tudo
porque o rapaz descobriu que a noiva o traia com o próprio tio, Marcelo
(José Wilker). Ou o bafafá de Branca (Susana Vieira), em Duas Caras
(2008), no caixão do marido perfeito (Herson Capri), ao ficar sabendo
que ele tinha uma amante vitalícia (Renata Sorrah). E, em Caminho das Índias
(2009), as sovas que Yvone (Letícia Sabetella) levou de Melissa
(Christiane Torloni) e de Silvia (Débora Bloch) por ter chifrado as duas
com seus maridos, os irmãos, Ramiro (Humberto Martins) e Raul
(Alexandre Borges). Seja no humor ou no drama, a traição é sempre uma
aposta, que, nas mãos de atores talentosos e autores habilidosos, pode
render bons momentos dramatúrgicos. Vemos relembrar outras traições
inesquecíveis:
- Cheias de Charme (2012): Cida (Isabelle
Drummond) perdeu o namorado, Conrado (Jonatas Faro), para a patroa,
Isadora (Gisele Batista), mas deu o troco na mesma moeda.
- O Astro (2011): Clô (Regina Duarte) se
refestelava na cama do bissexual Felipe (Henri Castelli) para o ódio do
marido, Salomão (Daniel Filho). Se bem que ele traia a mulher com a tia
dela, Magda (Rosamaria Murtinho), com a chiquérrima Miriam (Mila
Moreira) e até com Lili (Alinne Moraes).
- Viver a Vida (2010): Luciana (Alinne
Moraes) botou chifres no noivo, Jorge (Mateus Solano), com o fotógrafo
Bruno (Thiago Lacerda) em pleno deserto da Jordânia. E sua madrasta,
Helena (Taís Araújo) era corneada em sua casa pelo marido, Marcos (José
Mayer), e Dora (Giovanna Antonelli), uma mãe solteira que acolheu.
- Caminho das Índias (2009): Norminha (Dira
Paes) servia leitinho com sonífero para o marido Abel (Anderson Müller)
para poder aprontar todas na rua. Acabou sendo descoberta e jogada para
fora de casa.
- A Favorita (2008): Dedina (Helena
Ranaldi) foi espancada e escorraçada de casa pelo marido, Elias
(Leonardo Medeiros), porque mantinha um caso com Damião (Malvino
Salvador).
- Paraíso Tropical (2007): Ana Luísa (Renée
de Vielmond), coitada, pegou o marido, Antenor (Tony Ramos), com
Fabiana (Maria Fernanda Cândido), na cama da moça. Um festival de
humilhação!
- Belíssima (2006): Outra humilhação
terrível. Júlia (Gloria Pires) chegou em casa e flagrou o marido André
(Marcello Antony) dormindo com sua amada filha, Érica (Letícia
Birkheuer). Foi um bafafá daqueles, com direito a expulsão dos
traidores.
- Laços de Família (2000): Helena (Vera
Fischer) perdeu o namorado garotão, Edu (Reinaldo Gianecchini), para a
própria filha, Camila (Carolina Dieckmann).
- Torre de Babel (1998): Logo no primeiro capítulo, Clementino (Tony Ramos) foi preso após assassinar a machadadas a esposa adúltera.
- Vale Tudo (1988): Maria
de Fátima (Gloria Pires) tirou o namorado da melhor amiga, Solange
(Lídia Brondi), casou com ele e manteve César (Carlos Alberto Riccelli)
como amante. Mas o marido, Afonso (Cássio Gabus Mendes), pegou os dois
na cama e deu uma surra no rival.